LAMEROA
Laboratório de Metabolismo e Reprodução de Organismos Aquáticos


Fisiologia Reprodutiva de Peixes

O estudo sobre a fisiologia do eixo hipotálamo-hipófise-gônadas (H-H-G) tem gerado compreensões sobre os mecanismos regulatórios da atividade reprodutiva dos peixes teleósteos e no bloqueio da reprodução nestas espécies quando submetidos a condições de cativeiro. A reprodução em peixes, apesar de ser desencadeada por fatores ambientais, é controlada endogenamente por um sistema neuroendócrino, principalmente pelo eixo H-H-G. Este eixo sintetiza e libera as gonadotropinas, esteroides gonadais e hormônios moduladores do processo reprodutivo, regulando assim toda a reprodução. Desta maneira, todo este controle endócrino deve ser alterado de alguma forma, quando espécies migradoras são transferidas para o cativeiro, em operações de cultivo, pois neste ambiente confinado, algumas espécies não conseguem eliminar os seus gametas. Neste caso, intervenções hormonais exógenas em diferentes níveis do eixo H-H-G são necessárias para dar continuidade ao processo de maturação gonadal. Os mecanismos fisiológicos que levam ao bloqueio da reprodução em peixes reofílicos, quando estes são impedidos de migrar, ainda não são bem compreendidos e os estudos sobre essa disfunção endócrina em peixes mantidos em cativeiro, principalmente em relação ao eixo H-H-G, são escassos mesmo em espécies de clima temperado, e raros em teleósteos de clima neotropical. Este é o principal foco do LAMEROA, compreender a fisiologia do eixo H-H-G, com ênfase nos estudos realizados nas espécies neotropicais nacionais que apresentam bloqueio da reprodução quando são transferidas para um sistema de cultivo. Os principais fatores ambientais e os eventos fisiológicos envolvidos no controle deste eixo também são estudados.

 

METABOLISMO

 

Com intuito de compreender a fundo alguns processos fisiológicos de organismos aquáticos marinhos e dulciaquícolas, diversas pesquisas realizadas no LAMEROA estão diretamente relacionadas com o  metabolismo animal. Com principal foco no metabolismo lipídico e de ácidos graxos, nossos estudos são aplicados em diferentes contextos. Em estudos com maior enfoque ambiental analisamos os ácidos graxos como marcadores tróficos, além disso utilizamos a composição de ácidos graxo de tecidos específicos para melhor avaliar a condição nutricional do organismo. Estas informações são fundamentalmente importantes para melhor compreendermos a relação do animal com o meio em que vive. Em uma outra linha de pesquisa nosso laboratório desenvolve uma série de estudos relacionados com a produção de organismos aquáticos. A nutrição de organismos aquáticos, em especial de espécie de peixes de interesse comercial, pode ser considerado o principal entrave da aquicultura mundial. Compreender os processos de síntese e oxidação de ácidos graxos nos permite criar estratégias alimentares específicas de acordo com a espécie e sua fase de vida, além de possibilitar a realização de testes com ingredientes alternativos, menos impactantes e que visam a melhoria na qualidade do pescado, principalmente relacionado com os ácidos graxos ômega 3.

 

ECOTOXICOLOGIA

 

O termo ecotoxicologia é relacionado ao entendimento dos efeitos nocivos causados pelos agentes químicos lançados ao meio ambiente sobre os diferentes níveis de organização dos sistemas biológicos (genético, bioquímico, organismal, populacional e de comunidade), além isso, a ecotoxiologia realiza avaliação do risco ambiental e também em buscar ferramentas e soluções para prever, evitar ou minimizar possíveis impactos ambientais. Nos peixes, a exposição a diversos agentes químicos pode alterar o funcionamento dos sistemas biológicos, como exemplos, a capacidade de resposta contra a formação de agentes oxidantes, modificando principalmente a atividades de enzimas envolvidas no estresse oxidativo, como a catalase (CAT), a superóxido dismutase (SOD) e a glutationa peroxidase (GPx) e também no processo fisiológico da reprodução, graças a ação dos disruptores endócrinos, ou seja, substâncias que podem mimetizar ou interferir na síntese ou ação de um hormônio, como os compostos com potencial xenoestrogênico, que podem causar a elevação do homônimo 17β-estradiol, ou mesmo, mimetizando sua ação e promovendo a síntese de vitelogenina em machos e em exposições elevadas a formação de ooócitos nas gônadas masculinas, num processo denominado de feminilização. Diante desta problemática, o LAMEROA vem estudando diversos compostos com potencial xenoestrógenico, como os metais e os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), como o diclofenaco, ibuprofeno e a cafeína, tanto em ambiente natural quanto em bioensaios, a fim de compreender de forma holística esses efeitos nos peixes.